Quase 30 anos depois da última tentativa do movimento sindical para unificar suas lutas, cinco das seis centrais sindicais do país esperam reunir 30.000 militantes amanhã, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, para a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora destinada à aprovação de uma plataforma política e eleitoral comum. A conferência será precedida hoje, também na capital paulista, pela segunda Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, articulada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que reúne 28 entidades e organizações.
A Conferência Nacional da Classe Trabalhadora foi convocada em janeiro pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e a Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST). Das seis centrais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho, só não participará da conferência a União Geral dos Trabalhadores (UGT), que tem dirigentes ligados ao DEM e ao PPS, aliados da pré-candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência da República.
As centrais que promovem o evento não declararão apoio a uma candidatura, mas se manifestarão contrárias ao retorno do PSDB e do DEM ao comando do governo federal, deverão destacar o diálogo mantido entre o Governo Lula e os movimentos sociais e apresentarão uma lista de reivindicações baseada em plenárias que realizaram em 15 estados.
“Será um documento com propostas bem objetivas para serem implementadas pelo próximo governo. A ideia é somar forças em agendas unitárias de mobilização, em grandes passeatas comuns e capazes de interferir no processo eleitoral, inclusive com a formação de comitês populares e pluripartidários para a eleição”, diz Lúcia Stumpf, ex-presidente da União Nacional dos Estudantes.
O primeiro esboço do documento das centrais foi divulgado ao fim da 10ª edição do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Amanhã, a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora deverá aprovar a 8ª versão do texto, publicada nos últimos dias nos sites das centrais com o título “Agenda da Classe Trabalhadora – Para um projeto nacional de desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho”.
No Manifesto Político que abre o documento, as centrais apontam “um enorme déficit social a ser superado”, mas reconhecem que a distribuição de renda e as condições de vida da população melhoraram em conseqüência do “crescimento econômico dos últimos anos, apoiado principalmente pelo fortalecimento do mercado interno e em políticas redistributivas”.
Para as centrais, a superação do déficit social exige que o crescimento econômico “esteja orientado para a ampliação do mercado interno de consumo de massa, com a geração de emprego e a ampliação da renda do trabalho”. Ao mesmo tempo, segundo o Manifesto, “é necessário avançar nas diferentes políticas sociais, em especial nas áreas de educação, saúde, habitação, infraestrutura e de transferência de renda”.
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