quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Surto de diarreia é prova da negligência da Sabesp, diz ONG do Guarujá

Encafifada com a falta de pressão da água em suas torneiras, Andrea Amorim, moradora do Guarujá, litoral de SP, chamou a Sabesp. O funcionário, que só veio duas semanas após a solicitação, abriu o cavalete. A causa do problema era um sapo entalado no cano.

“Além de podre, o bicho estava se desmanchando. Seus pedaços estavam passando pela peneira”, conta a moradora. “Isso é um desrespeito com a nossa saúde e com os cidadãos que pagam caro por um serviço porco e nojento. O episódio acabou com o Natal de minhas crianças que, com nojo, não comeram nada da nossa ceia. A sensação é de humilhação por pagar por um serviço propalado como de qualidade e que, na verdade, tem origem no brejo”. Dias depois, segundo ela, a água continuava com cor de urina e cheia de areia.
O episódio ocorreu no último dia 23 de dezembro. Coincidência ou não, poucos dias depois começaria mais um surto de vômito e diarreia na cidade, que desta vez afetou pelo menos 1.700 moradores e turistas, entre eles a atriz Maria Fernanda Cândido e Ronald, filho de Ronaldo, o Fenômeno. Por causa da repercussão e da suspeita de surtos nas cidades litorâneas vizinhas, nesta quarta-feira, dia 13, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), colheu amostras de água de praias do Guarujá e Santos para análises.

Embora a direção da Vigilância em Saúde no município tenha admitido que a água contaminada está entre as prováveis causas do surto, a prefeitura do Guarujá inocenta o liquído que a Sabesp retira do rio Jurubatuba, em Santos, e distribui à população sem antes filtrar ou decantar. Por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que as causas do problema não são conhecidas e que as autoridades municipais aguardam os resultados dos testes realizados pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.
O secretário de meio ambiente, Elio Lopes de Oliveira, não acredita que o surto seja culpa exclusiva da água – senão haveria esse tipo de problema o ano todo, segundo diz. Mas admite que a qualidade do abastecimento deixa muito a desejar. “Como não há estação de tratamento na cidade, o procedimento se limita ao uso de cloro. A falta de filtragem e decantação, aliás, faz com que na época chuvosa haja acúmulo de matéria orgânica e a água também fica barrenta”.
Por meio da assessoria de imprensa, a Sabesp informou que sua posição oficial é a que está expressa em nota em sua página na internet. (veja a nota abaixo)
Para a organização não-governamental Princípios – Agência Nacional para o Desenvolvimento e Ação Social, do Guarujá, os episódios de diarreia e vômito expõem a antiga negligência da Sabesp. Segundo a coordenação, que acompanha laudos emitidos pela Vigilância Sanitária Municipal, Instituto Adolfo Lutz e pela própria companhia, nos três últimos anos, a água está imprópria. As amostras apresentam coliformes totais e fecais acima do que a legislação permite.

Outro lado: Sabesp contesta
Em nota, a Sabesp afirma que não há qualquer problema com a qualidade da água entregue na cidade, que é potável e atende aos padrões estabelecidos pela portaria 518 do Ministério da Saúde. Diz ainda que, como atividade rotineira em todo o seu sistema de abastecimento, 18 mil análises são realizadas todo mês em mais de duas mil amostras coletadas em diferentes pontos do sistema, sendo 125 delas no Guarujá, e que, especificamente na região da Baixada Santista, são feitos mais de 1.800 testes bacteriológicos mensais.
A empresa reitera que é infundada e irresponsável qualquer afirmação sobre problemas na qualidade da água distribuída no município, inclusive pelos riscos de provocar pânico. “A população pode e deve consumir com tranqüilidade a água que chega à sua casa pelas redes de abastecimento e deve ter o cuidado com fontes não seguras que podem, estas sim, ter a água contaminada e representar um risco real à saúde e à vida”, conclui a nota.
Fonte: Rede Brasil Atual

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