quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Entrevista: a prioridade é a construção de uma frente forte em volta de Dilma, afirma Cândido Vaccarezza


Em entrevista a Ullisses Campbell, do Correio Braziliense, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza, fala sobre sucessão presidencial e em São Paulo. Leia abaixo:

O que falta para o PT lançar candidato próprio ao governo de São Paulo?
Ainda estamos decidindo o que fazer em São Paulo. O PT quer constituir uma frente capaz de ganhar as eleições paulistas e ainda ajudar a Dilma Rousseff a ser presidente do Brasil. Hoje, afirmo que o nosso candidato é do PT, não de outro partido.

Então o plano do presidente Lula de lançar o Ciro Gomes foi abortado?
Eu sou o maior defensor da candidatura do Ciro ao governo de São Paulo, mas ele não quer e não podemos impor isso a ele. Já está mais do que na hora de organizarmos outra possibilidade.

O Ciro diz que não quer conversa com o PT por causa da aliança do partido com o PMDB.
Esse é o erro crasso do Ciro. Só vamos ganhar a eleição no Brasil se fizermos alianças de centro-esquerda, principalmente com o PMDB, um partido democrático e que participou da luta contra a ditadura. Além do mais, o Ciro se elegeu deputado pelo Ceará com base numa aliança com o PMDB. Criticar a aliança, hoje, é contraditório.

Na ausência do Ciro, qual o nome mais viável?
O primeiro deles é o Emídio de Souza, prefeito de Osasco. Ele quer ser candidato, está com vontade e é um nome novo, cheio de gás. Em minha opinião, seria o elemento surpresa na eleição paulista. Além dele, temos o Aloizio Mercadante, o Antônio Palocci e a Marta Suplicy.

O presidente Lula disse que o PT de São Paulo recorre a um erro histórico ao apresentar sempre candidatos novos. Optar pelo Emídio, um desconhecido, não é insistir no erro?
O presidente Lula tem 99,9% de acerto. Essa avaliação sobre nomes novos representa o 0,01% de erro. Não acho que apresentar gente nova seja erro. A repetição da mesma candidatura não representa uma vitória. Em nenhum estado em que o PT governa houve repetição sistemática de candidatura.

O Lula disse que o troca-troca de nomes em São Paulo fortaleceu o PSDB.
Não vejo assim, apesar de o PSDB ter conseguido três vitórias no estado. Mas os tucanos não estão crescendo. Na Grande São Paulo, só não governamos Santo André.

Depois de se envolver em tanto escândalo, o senhor acha que o Palocci resistiria a uma campanha?
O Palocci foi julgado inocente pelo STF. Mais tarde, a história vai mostrar que é inocente também no esquema do mensalão. No caso do PT, quando se fala do mensalão, não teve dinheiro público envolvido. Houve um erro político que foi o Caixa Dois. Os envolvidos pagaram um preço bem maior do que o crime cometido. A sociedade sabe disso.

O senhor acha mesmo que a opinião pública pensa assim?
A população sabe separar o joio do trigo. A história do mensalão já foi usada fartamente na campanha pelos adversários e não deu certo. O brasileiro sabe quem é corrupto e quem não é.

Se o Ciro mantiver a candidatura à Presidência, ele pode atrapalhar o projeto Dilma?
Se ele quiser continuar com o projeto da candidatura e o PSB aceitar, não poderemos fazer nada. Vamos esperar pelo segundo turno para fazer um acordo. Para o PT, a prioridade é a construção de uma frente forte em volta da Dilma. Se o Ciro não vier com a gente agora, tentaremos no segundo turno.

Como está o processo para a escolha do vice da Dilma?
Se depender de mim, o vice será do PMDB. Se o partido indicar o Michel Temer, melhor. Trata-se de um político respeitado e ponderado. Como é presidente do PMDB, poderá dar estabilidade ao apoio do partido nacionalmente, apesar dos problemas que ocorrem em alguns estados.

O Temer não tem a simpatia do presidente Lula. Como administrar isso?
Nunca vi o Lula falar mal do Temer.

Quando surgiu o nome dele, o Lula sugeriu que fosse feita uma lista tríplice, lembra?
Não sei em que contexto o Lula disse isso e nem o que quis dizer. Posso garantir que nunca vi o Lula falar mal do Temer e nem oferecer objeção ao nome dele.

Qual o maior desafio da candidata Dilma Rousseff?
Conseguir traduzir para o povo brasileiro o programa de continuidade e de aprofundamento do governo Lula. Outro grande desafio será fazer campanha em São Paulo, onde temos um eleitor conservador. São Paulo também será onde ocorrerá o maior enfrentamento do projeto do PT com o do PSDB de José Serra. Podemos até perder a batalha lá, mas não vamos perder a guerra.

Na sua avaliação, por que o PT paulista perdeu força ao longo do tempo?
Não houve enfraquecimento do PT em São Paulo. Ganhamos a prefeitura duas vezes.

Ganharam, mas perderam e não recuperaram mais.
Mas isso não significa que o partido enfraqueceu. Temos 14 deputados federais, 19 estaduais e prefeituras importantes, como as de Osasco, Guarulhos e São Bernardo do Campo. Estamos numa fase positiva, pois os tucanos enfrentam sérios problemas de gestão em São Paulo, com enchentes, o buraco do metrô, o caos no trânsito, o desabamento do viaduto do Rodoanel.

Apesar desses problemas, o governo de São Paulo e a prefeitura da capital são bem avaliados pela população. Isso não significa que houve um avanço do PSDB e do DEM?
É preciso dizer que o crescimento do PSDB em São Paulo não ocorreu em detrimento do encolhimento do PT. O grupo que governa São Paulo está no poder desde 1982, desde que Franco Montoro ganhou as eleições. Não é à toa que o Orestes Quércia é um dos apoiadores do José Serra, indicando inclusive a vice-prefeita do Gilberto Kassab (DEM). Esse processo está esgotado. Se você reparar, a segurança, a educação e a saúde de São Paulo são as piores do país.

A Marta Suplicy é um dos nomes cotados para concorrer ao governo paulista, mas tem um índice de rejeição altíssimo. Não seria arriscado apostar nela?
O problema de rejeição não é assim tão grande quanto todo mundo pensa, até porque esse índice não define eleição. O Lula tinha rejeição alta quando venceu as eleições para presidente.

Por que o senhor exclui o nome do senador Eduardo Suplicy quando se refere aos possíveis candidatos do PT ao governo paulista?
Ele não representa o sentimento do PT quando se fala em disputa político-eleitoral para o governo de São Paulo. Eu não estou excluindo o Suplicy do pleito. Ele só não é uma opção do partido.

Um comentário:

  1. A SOCIEDADE MUDOU ,AS ESTRUTURAS MUDARAM. È NESCESARIO,TAMBÉM, AS MUDANÇAS DE INDIVIDUOS, IMEDIATAMENTE.
    ESTAMOS FRENTE A UMA POSIVEL DERROTA PARA A DIREITA NO CHILE. POR QUE? PORQUE OS MESMOS INDIVIDOUS DE OUTRORA CANSARAM A P0PULAÇÃO.
    TEMOS QUE NOS ADAPTAR.

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