Que lições tiramos da derrubada dos 26 eucaliptos na Praça Isaltino Pereira no Jardim Paraíso?
Ficou a impressão de que a Prefeitura de Botucatu não é capaz de utilizar a excelente estrutura que possui para antecipar e discutir decisões importantes com a população de forma clara e transparente;
Ficou claro que não existe um mecanismo organizado de denúncia, reclamação e solução para a população exercer seu papel cidadão;
Ficou toda uma discussão, negligenciando a capacidade das pessoas de se mobilizarem e se organizarem, a não ser pelas mãos de um vereador ou de um partido político;
Ficou que existe no ar um medo de assumir as coisas que precisam ser melhoradas e falar sobre elas. Assumir erros e corrigi-los ou invés de tentar, insanamente, justificá-los ou encobri-los.
Ficou a impressão que quando o vereador exerce sua função, prerrogativa dada pela própria população, no voto, legitimamente referendado, está fazendo algo errado;
Ficou, infelizmente, presente a marca de resquícios ditatoriais e reacionários de que quem se manifesta deve ser criticado, humilhado, rechaçado até que silencie;
Ficou claro, que fácil é escrever contra ou a favor de alguma coisa, no caso da derrubada das árvores, mas difícil mesmo para algumas pessoas é engolir quem se levanta da cadeira e vai à luta, reclama, se mobiliza e toma ATITUDE, isso realmente incomoda;
Ficou a sensação que esta postura contrária à participação política junto aos moradores pode interromper soluções administrativas;
Ficou também que é direito da população se manifestar, mas é dever dos políticos. E em nenhum momento isso diminui a grandeza da iniciativa da população;
Ficou que o fato de haver oposição ao prefeito nas manifestações sobre o ocorrido na Praça Isaltino Pereira não deve ser encarado como propósito para a ausência de diálogo. Nem mesmo devemos desencorajar a população diante da presença destes atores. Ser político não é uma atitude criminosa, seja da situação ou da oposição. Caso contrário, teríamos que nos afastar da vida pública para podermos nos manifestar. Uma contradição descomunal. Se a participação for feita de forma responsável fortalece o grupo e não o oposto. Ao passo que se mantivermos este discurso contrário estaremos questionando a habilidade da população. E nos afastando do erro principal. Ou será que se o vereador Lelo Pagani não participasse junto com os moradores a população não mais saberia se manifestar?
Ficou que a participação política e a participação popular são duas forças necessárias que historicamente se completam. É compreensível que em meio à exposição de tantas opiniões, algumas vezes antagônicas, o cidadão se sinta inseguro quanto a exercer seus direitos a cidadania.
Então fica a pergunta, que também deve ser uma lição: O que é exercer a cidadania?
Quem acha que é um ato isolado e individualista que ocorre periodicamente de ir votar no dia da eleição e ficar quieto na sua casa sem poder se manifestar ou falar com os gestores da cidade está profundamente equivocado. Assim como todos aqueles que desestimulam as manifestações pacíficas e cobertas de indignação por uma causa também não estão sintonizados com o momento atual.
Vemos então que o conceito de cidadania, usado para designar os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vive na cidade e ali participa ativamente das decisões políticas e que, pressupõe, portanto, todas as implicações decorrentes de uma vida em sociedade e que engloba um conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão.
Então, ficou, finalmente, na lição da derrubada dos eucaliptos que, quando do exercício dos seus direitos, pobre da população de Botucatu que, além de perder a Praça do jeito que ela se sentia bem, ainda tem que ter receio de se manifestar.
Lelo Pagani – (exerce seu 2.º mandato de Vereador em Botucatu)
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