Companhia alega que cria parcerias com prefeituras para ampliar rede
A Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp) alega que desenvolve várias ações com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e com prefeituras. As parcerias são feitas para implementar e regularizar a coleta e o tratamento de esgoto em regiões de fundos de vale e próximas de mananciais, e o objetivo é "preservar os recursos hídricos e melhorar de qualidade de vida da população local".
Em Engenheiro Marsilac, na zona sul de São Paulo, segundo a Sabesp, há um acordo verbal entre a autarquia, moradores e Ministério Público Estadual (MPE) sobre os problemas. Uma ação civil pública foi aberta em 2006. Estabeleceu-se prazo para que fosse elaborado um projeto de construção de fossas sépticas no local, que já está esgotado, segundo o MPE. A Sabesp informou que por se tratar de uma área de preservação ambiental é vetada a implementação de rede de água e esgoto e optou-se pelas fossas sépticas em cada unidade residencial.
Segundo o MPE, a Sabesp pediu prorrogação do prazo definido no acordo e a ampliação da data foi concedida. "O projeto (das fossas sépticas) está pronto e vai ser entregue ainda neste mês. As fossas sépticas devem ser construídas e operadas pelos moradores, conforme orientações técnicas da Cetesb. A Sabesp, portanto, não tem qualquer envolvimento e/ou responsabilidade com eventuais problemas nesse tipo de sistema particular", diz nota da Assessoria de Imprensa da companhia.
A Secretaria Estadual de Educação informou que a escola Regina Miranda Brandt de Carvalho tem dois conjuntos de fossas sépticas e sumidouro para captar o esgoto. "Os efluentes são retirados por caminhão duas vezes por semana, em média, e encaminhados para estação de tratamento da Sabesp. Somente neste ano a limpeza e o encaminhamento foram realizados 225 vezes", diz a Assessoria de Imprensa da pasta.
"A fossa da escola sempre vaza. O esgoto escorre por todo o bairro", reclama Maria Lucia Cirillo, comerciante e presidente da Associação Comunitária de Marsilac. A escola, com cerca de mil alunos, fica na parte alta do bairro. É só chover para a sujeira descer, reclamam moradores. Aliás, os dois filhos de Maria Lucia já se contaminaram. Allan, de 22 anos, já contraiu hepatite A, verminoses, micoses, diarreias e até malária. "Em casa usamos água mineral para cozinhar e beber. Mas meus filhos costumavam nadar no Córrego Ribeirão Claro, nos fundos da casa, que está contaminado", conta a mãe.
Os moradores de Marsilac abastecem suas caixas d"água com água bombeada de poço perfurado em 2005 na Rua Ana Rosa. A outra opção é a chuva. "A bica abastece dez famílias", diz a comerciante. "Quando tem cloro no posto de saúde, a gente coloca na água", afirma a dona de casa Alessandra Vieira Nobre Silva Rodrigues. Seu filho mais velho, de 5 anos, já teve diversas viroses.
Neste ano já foram notificados 15 surtos de hepatite A na cidade - 53,3% ligados a escolas e creches, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. A creche de Marsilac, diz a secretaria, tem condições satisfatórias de higiene e a água tem padrão de potabilidade, não sendo encontrada fossa aberta. Para a unidade de saúde de Marsilac, as crianças infectadas moram em local sem infraestrutura e utilizam água de poço nas suas casas.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
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