quarta-feira, 17 de março de 2010

Cardozo anuncia decisão de não disputar mais vaga na Câmara

O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) confirmou nesta semana que não irá mais disputar uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições deste ano. Secretário geral do Partido dos Trabalhadores, Cardozo assegurou que não deixará a militância política.
"Vou somar-me aqueles que defendem a continuidade do programa de governo executado pelo presidente Lula, por reconhecerem as fantásticas transformações sociais e econômicas que vem acontecendo na vida brasileira ao longo dos últimos anos", afirmou o deputado em carta encaminhada aos amigos, eleitores e militantes do partido. Na carta ele afirma que dedicará de corpo e alma à campanha da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República.
A decisão de não disputar mais uma vaga no Parlamento, segundo José Eduardo Cardozo, foi um posicionamento estritamente pessoal e tomado após uma profunda reflexão. Cardozo assegurou que sempre gostou de atuar no Parlamento e tem orgulho de ter sido eleito deputado federal por dois mandatos.
"Ser parlamentar, representando milhares de pessoas que, nas urnas, depositaram a sua confiança no meu mandato que sempre foi vivido por mim como uma função nobre e dignificante", afirmou o deputado. Por isso, continua em sua carta, "sempre procurei, com lealdade e ética me dedicar, ao máximo, com alegria e satisfação a esta missão que me foi delegada por aqueles que me escolheram como seu candidato e representante".
Cardozo faz questão de destacar que o seu afastamento, por vontade própria, da Câmara dos Deputados, ao final deste mandato, não se prende a uma avaliação de descaso para com a vida parlamentar ou para com o Parlamento. Ele lembrou que por diversas vezes, durante a uma disputa eleitoral já tinha afirmado que não pretendia participar de uma nova eleição à Câmara dos Deputados, se não houvesse uma radical reforma do sistema político brasileiro.
"Fazia isso por já não me sentir confortável em disputas onde os recursos financeiros cada vez mais decidem o sucesso de uma campanha, onde apoios eleitorais não são obtidos pelo convencimento político das ideias, pelo programa ou pela própria atuação do candidato proporcional, mas quase sempre pelo quanto de estrutura financeira ele pode distribuir", argumentou.
A generalização e a banalização da ideia de que todo político é "desonesto", segundo Cardozo, também pesou na sua decisão. "Não há nada pior para alguém que vive com dignidade no mundo da política, do que, diante de uma acusação qualquer, ver que a sua palavra ou a ausência de provas incriminadoras, não afasta nunca a 'certeza' da sua 'culpa'.

Reforma Política
O deputado destacou que sempre se empenhou na defesa da reforma política. "Defendi o financiamento público das campanhas, por entender que as formas atuais de financiamento privado das eleições geram corrupção e uma real ausência de isonomia entre os candidatos". Também defendeu o voto em lista partidária por entender que, em uma eleição, um partido deve disputar seu programa de forma unitária, sem que pessoas que estão do mesmo lado busquem os votos um dos outros, personalizando a competição e reduzindo a chance de uma politizada e madura disputa eleitoral.
"Tenho consciência de que somente uma reforma política aguda e radical poderá romper com a cultura dominante de execração preconceituosa de todos os que optam pela vida política, forçando a diferenciação do joio do trigo pela sociedade. Mas junto com outros companheiros de luta, fui derrotado" lamentou.
Cardozo encerra a carta afirmando que a sua decisão não é uma renúncia à causa, mas apenas uma mudança do campo de atuação política. "Quero deixar a paralisia que o desestímulo em disputar uma candidatura proporcional me traria, transformando-a em energia positiva para novos embates políticos. Quero me voltar integralmente à construção da nossa candidatura presidencial, à eleição dos nossos governadores, e à eleição de uma bancada parlamentar forte que possa comandar a realização de uma verdadeira reforma política democrática", finalizou.

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