terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Medidas desesperadas: FHC no palanque de Serra

Há cinco meses que FHC não participava de eventos do governo do Estado de São Paulo, devido ao medo de José Serra (PSDB/SP) da alta rejeição popular do ex-presidente ser transferida para ele.
Nesta segunda-feira, FHC estava no mesmo evento do governador José Serra (PSDB/SP), na inauguração de uma biblioteca estadual (que contou com R$ 2,5 milhões de dinheiro do governo federal, equivalente a 20% do custo total).
Mas se alguém visitar o "site" do governo paulista não existe nenhuma foto do ex-presidente, e nem sequer menção a seu nome no texto a respeito deste evento.
A imprensa também não divulgou fotos, nem vídeos, dos dois mais "ilustres" demo-tucanos juntos, apesar do noticiário estar repleto de declarações de FHC, inclusive dadas neste evento.
Durante a inauguração, questionado sobre o artigo de FHC, Serra virou as costas para os repórteres e encerrou a entrevista coletiva. "Eu não vou falar sobre isso", acrescentou pouco depois, diante da insistência dos jornalistas.
Restou ao próprio FHC seguir no papel de porta-voz de José Serra, e dizer que o governador demo-tucano inspiraria "mais confiança" do que Dilma. O ex-presidente apoiou até o silêncio de Serra: "O PSDB é que tem de se posicionar. O governador tem de esperar um pouco."
É improvável que FHC tenha ido de "bicão" na inauguração, sem o conhecimento de José Serra. O ex-presidente demo-tucano disse que compareceu porque o secretário estadual da cultura o convidou.
O gesto mostra que José Serra está no limite do desespero, e parte para uma estratégia de alto risco com os objetivos:
1) Todas as lideranças demo-tucanas que tentaram polemizar com Dilma, se deram mal. José Agripino Maia, Álvaro Dias, Arthur Virgílio, Kátia Abreu, Heráclito Fortes, Sérgio Guerra. Nenhum deles consegue emplacar algo que arranhe a subida da ministra nas pesquisas. Logo, resta à Serra usar as últimas cartas na manga: colocar FHC em campo, seguindo aquele ditado popular: "perdido por 10, perdido por 100".

2) Serra quer parecer algo "pós-Lula" e não um retrocesso ao governo FHC, mas não tem como esconder sua ligação umbilical com FHC, pois o passado lhe condena.
Então procura "exorcizar" o passado, tentando esgotar o assunto logo, e virar a pauta eleitoral quando a campanha aquecer. Seria como tentar passar a limpo o passado, para descolar-se da imagem de FHC a seguir.
Por isso, Serra tenta medir a dosagem: manter FHC por perto como o vulto de uma sombra, mas à distância "segura" para não aparecer na foto, nem trocando abraços.
Ele quer FHC em seu palanque como um espectro que só alguns enxergam, e outros não. Por isso, fotos ao lado, nem pensar. Só palavras de FHC. Uma imagem destas valeria por mil palavras.
O problema para os demo-tucanos é que o falastrão do FHC não pode ver um holofote ou microfone na frente, que ultrapassa facilmente as mil palavras, estragando toda a estratégia de Serra.

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