terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Entrevista Vaccarezza: “Não partilho do discurso do já ganhou. Temos de trabalhar para consolidar o favoritismo de Dilma. Ela já é a favorita”.

O líder do Governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza, concedeu entrevista ao Jornalista Josias de Souza. Leia, abaixo:

- O que muda na campanha depois do Congresso do PT?
O Congresso deu um passo adiante. Sem adversários, a Dilma foi aclamada. Na convenção do partido, em junho, a candidatura será confirmada.

- Dilma intensificará a campanha?
Até 2 de abril ela ainda será ministra. Não pode fazer campanha. Parece formalidade, mas não é. Ela tem obrigações de Estado. A partir da saída do ministério, aí sim.

- Inaugurações e comícios ao lado de Lula não são parte da campanha?
Não. São atos administrativos.

- O que será feito depois que a candidata deixar o ministério?
O PT e os partidos que integram a aliança vão levá-la a vários eventos. Sempre em ambientes fechados, como prevê a lei.

- Dilma subiu nas pesquisas, mas está abaixo dos 30%. Era o esperado?
Ela está superando as expectativas. Não acreditava que chegasse nos índices que atingiu em fevereiro, acima de 25%.

- Quais são as metas do partido?
Não trabalhamos com metas. O que vamos fazer daqui até a convenção é torná-la ainda mais conhecida. Vamos estreitar as relações entre ela e as bases sociais do partido

- Acha que o prestígio de Lula levará à vitória?
As pesquisas mostram uma situação clara: a população quer a continuidade. Esse é o azar do Serra.

- Por que azar?
“Na sucessão de 2002, a população queria mudança. E o Serra foi o candidato da continuidade. Tentou se desvencilhar do Fernando Henrique, mas não conseguiu. Em 2010, a população quer a continuidade. E a Dilma é a candidata da continuidade. O Serra agora é o candidato da mudança. Ele está tentando se livrar da armadilha, mas não vai conseguir.

- O Sr. já dá de barato que o rival de Dilma será Serra?
Até dezembro eu não dava. Agora, ele está numa sinuca de bico. Não tem mais como recuar. Sob pena de deixar a oposição sem candidato. A essa altura, não é certo que o Aécio assuma o desafio. Ficou difícil para o Serra não ser candidato.

- Acha que a polarização levará a um resultado apertado?
Qualquer pessoa que fizer previsão será na base do achismo. Mas posso dizer, com base nos elementos que nós temos, que tudo aponta para um favoritismo de Dilma.

- Favoritismo?
Sim, favoritismo. É óbvio que esse favoritismo não se transforma em vitória certa. Isso não existe. O cenário mais provável é o de uma disputa acirrada. Se não cometermos erros e se acertarmos mais do que os adversários, temos condições de aumentar o favoritismo da nossa candidata, que já existe.

- Não acha que a tese do favoritismo soa a já ganhou?
Não partilho do discurso do já ganhou. Pior do que o discurso do já ganhou, só o discurso do já perdeu. Temos de trabalhar para consolidar o favoritismo da Dilma. Ela já é a favorita.

- Não exagera quando diz que Dilma é favorita?
Não. Os elementos de pesquisa dão a ela esse favoritismo. Basta observar o que aconteceu nesse último ano. O Serra só caiu. E a Dilma, à medida que a população foi conhecendo ela, subiu. A aprovação do presidente e do governo, associada ao desejo das pessoas de votarem no candidato que dê continuidade à gestão Lula, vão impulsionar a candidatura da Dilma.

- Não acha que o prestígio de Lula já foi incorporado à candidatura?
Não completamente. Muita gente não sabe ainda que a Dilma é a candidata do Lula. Além disso, é preciso considerar o elevado nível de exposição do Serra. Ele vem de três eleições: prefeitura, governo e, antes, a presidência. O Serra tem um recall de pesquisa que a Dilma não tem.

- Há risco de a aliança com o PMDB não ser fechada?
Risco sempre existe, mas diria que, hoje, as chances de o acordo PT-PMDB ser fechado são de 99%.

- As ambições estaduais do PT não podem comprometer o projeto nacional?
Não, ao contrário, Pela primeira vez, o PT decidiu disputar o governo em poucos Estados, menos da metade das unidades da federação. O PT amadureceu.

- Essa maturidade já chegou a Minas Gerais?
Em Minas, não está resolvido se iremos disputar. O que está resolvido é que iremos discutir –lá para maio, junho— qual o melhor nome para disputar a eleição. Temos três nomes –Helio Costa, pelo PMDB, Fernando Pimentel e Patrus Ananias, pelo PT. Um deles será o nosso candidato.

- Há incômodo do partido com a entrega da vice a Michel Temer?
Tudo se encaminha para Michel Temer ser o vice, sem nenhuma contestação.

- O PT já aceita a tese de que a indicação é prerrogativa do PMDB?
Sou contra o PT escolher vice. Quem tem que escolher é a coligação e a Dilma. A candidata precisa ser ouvida. Mas quem vai indicar é o PMDB.

- O programa aprovado pelo PT será assumido por Dilma?
Nós não aprovamos um programa, mas as diretrizes de programa. Não são as diretrizes da Dilma. São do PT. Desde 1982 que o PT já aprendeu: candidato majoritário a cargos executivos não são porta-vozes do partido. São eleitos por toda a sociedade, num leque mais amplo do que o PT. Portanto, quem decide o programa é o candidato, não o partido. Não estaríamos falando sério se disséssemos que PT não tem a maior influência. Mas quem decide é a Dilma, ouvindo os demais partidos.

- José Dirceu disse que participará da campanha. Não prejudica?
Sou favorável à participação do Dirceu. Mas a Dilma não montou nada ainda. O que ela disse é que todos os dirigentes partidários terão participação. Não disse que vai montar uma coordenação com a participação do José Dirceu. Isso ainda não foi definido.

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