quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Polícia Federal prende 6 da Associação Hospitalar; investigação começou há 6 meses

O Conselho Administrativo da AHB (Associação Hospitalar de Bauru) já investigava, há pelo menos seis meses, as denúncias de irregularidades envolvendo diretores da instituição.
Duas Comissões Especiais de Inquérito analisaram documentos e já tinham colhido até alguns depoimentos, inclusive de pessoas presas na operação da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira. A Operação foi batizada de Odontoma.
Foram decretadas as prisões preventivas de Joseph Saab (Presidente), Marcelo Saab (dentista), Vladmir Scarp (Superintendente), Samuel Fortunato (Diretor Técnico), Célio Parisi (Conselheiro) e Maria Lúcia Lopes Saab (Supervisora de Serviço de Apoio).
As prisões foram decretadas, segundo a Polícia Federal, para evitar destruição de provas. As suspeitas de irregularidades se concentram no setor de bucomaxilo do Hospital de Base.
Joseph foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Bauru. Maria Lúcia foi para o Cadeia Feminina de Avaí. O restante foi encaminhado para o CDP de Araraquara.
Há cerca de um ano o conselho teve conhecimento do empréstimo de R$ 16 milhões tomados junto a Caixa Econômica Federal. A operação foi toda feita pelo presidente da AHB, Joseph Saab, sem autorização do conselho, como determina a legislação.


Foto: Jornal Bom Dia - Bauru
 Joseph Saad, presidente da associação, entre na carro da polícia, nesta quinta-feira

Joseph Saab também era acusado formalmente de nunca ter prestado contas desse dinheiro. O conselho não sabe sequer onde e se ele foi usado em algum hospital mantido pela associação.

Fraude
A outra denúncia investigada pelo conselho administrativo diz respeito a falsificação de documentos para receber por procedimentos dos SUS (Sistema Único de Saúde).
A comissão já tinha identificado algumas irregularidades e convocado os médicos responsáveis para prestar depoimento e apresentar a documentação que justificasse os pagamentos. Um dos acusados teria salário de R$ 38 mil. Ele também seria parente de diretores da AHB.
O Ministério Público Federal também tinha conhecimento do caso. Os conselheiros ouvidos nesta quinta pelo Jornal Bom Dia acreditam que foi essa investigação da Procuradoria Federal que desencadeou a operação Odontoma e as prisões em Bauru. Há suspeita também que membros do conselho, diante da gravidade da situação, tenham levado denúncias ao Ministério Público Estadual, o responsável por ter colocado o Gaeco, o grupo especial do MP, no caso.

PSDB
A AHB é intimamente ligada com o PSDB de Bauru. No ano passado, o ex-vereador João Parreira de Miranda (PSDB) tentou por diversas vezes, sem sucesso, convocar a diretoria da associação para prestar contas de suas dívidas.
Na época, o valor chegava a R$ 50 milhões. O próprio Saab se recusou a dar detalhes dos débitos dizendo que Parreira tinha interesse eleitoral. Depois, o presidente da AHB também nunca detalhou os balanços financeiros.
Parreira chegou a pedir para o promotor Fernando Masselli Helene intervir na questão, mas o processo não avançou.
No início do ano, o ex-superintendente da AHB, Reinaldo Rocha, pediu demissão do cargo e foi trabalhar na assessoria do Deputado Estadual Pedro Tobias (PSDB), que teria outros indicados em cargos de diretoria da associação.

Negócios
Em dezembro, o Jornal Bom Dia mostrou que o Conselho Administrativo da AHB também investigava a transferência de R$ 4,1 milhões da conta da associação para Saab. A transferência ocorreu em valores e foi questionada pelo Tribunal de Contas da União.
O dinheiro teria sido usado para “quitar dívidas pessoais do presidente”, segundo o documento obtido pelo Jornal Bom Dia. Saab nega. Em sua defesa ele alega que o dinheiro pagou despesas da própria AHB com a empresa Cardiosul, de Santa Catarina.
Fonte: Agência BOM DIA

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