domingo, 20 de março de 2011

Por que Lula é "o cara" e FHC é personagem da revista "Caras"

O Itamaraty convidou todos os ex-presidentes brasileiros para o almoço que será oferecido ao presidente dos EUA, Barack Obama, no sábado, em Brasília.
O presidente Lula, segundo sua assessoria, declinou do convite, entendendo que o encontro é mais apropriado aos chefes de Estado.
Lula é ciente da responsabilidade de seu papel e de sua dimensão política. Haveria um gesto carregado de simbolismo político se ele fizesse uma distinção especial ao presidente dos EUA e não fizesse o mesmo às dezenas de presidentes africanos, latino-americanos e asiáticos que visitam o Brasil.
É como aquela história que ele conta, quando estava na presidência e no primeiro encontro de presidentes, todos se levantaram da cadeira quando Bush chegou, e ele não, afinal ninguém havia se levantado quando ele (Lula) havia chegado, então por que fazer um distinção especial ao presidente dos EUA? E não houve nenhum atrito nas boas relações por isso.
Voltando ao almoço do Itamaraty, se Lula fosse, compareceria como líder político, e estaria ali prestigiando não a pessoa de Obama, com quem sempre se relacionou bem pessoalmente, e sim as políticas que Obama carrega na bagagem, onde há contenciosos bilaterais e multilaterais com o Brasil em disputa.
E que sentido político haveria num encontro destes? Falar o quê, se Dilma dirá tudo o que o Brasil e ele teriam a dizer?
Só faria sentido fazer tal distinção especial, se Obama viesse ao Brasil anunciar alguma mudança de posição no protecionismo comercial, na flexibilização da posição dos EUA na rodada de Doha ou na conferência do clima; enfim, algum acordo importante para o Brasil ou para os países mais pobres, negociado ao longo do governo Lula, que estivesse sendo destravado. Fora isso, estaria apenas prestigiando indiretamente e sem querer, as posições estadunidenses travadas nas mesas de negociação internacionais.

Já FHC fez a mala e desembarcou em Brasília ainda na sexta-feira, a tempo de ser o primeiro da fila na "boca livre".
FHC não tem esse problema, porque ele também é ciente de sua dimensão política. No caso, da pouca dimensão que tem, pelo legado sofrível que deixou do seu governo e pelo próprio correr do tempo. FHC não vai prestigiar, vai atrás de prestígio para si. Com isso, animará metade da platéia de leitores demo-tucanos do PIG com suas fotos para revista "Caras", e irritará a outra metade ao ir, mais uma vez, bajular a presidenta Dilma Rousseff.

Arruda diz ter dado ''ajuda financeira'' à cúpula do DEM e PSDB

O site Veja.com publicou  uma entrevista do ex-governador José Roberto Arruda em que ele afirma ter ajudado financeiramente a cúpula do DEM, partido ao qual era filiado até dezembro de 2009, quando estourou o escândalo de corrupção no Distrito Federal conhecido como 'mensalão do DEM'.
'Eu era o único governador do DEM. Recebia pedidos de todos os Estados. Todos os pedidos eu procurei atender. E atendi dos pequenos favores aos financiamentos de campanha. Ajudei todos', disse Arruda. Segundo ele, o PSDB também foi beneficiado.
A entrevista, segundo advogados de Arruda, foi feita em setembro, antes do primeiro turno da eleição de 2010, à revista Veja, da Editora Abril, responsável pelo site. Procurada, a direção de Veja não respondeu à afirmação dos advogados até 0h15.
Conforme a entrevista, Arruda menciona ajuda ao hoje presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), ao ex-presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ), e a outras estrelas do partido, como o atual líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), o senador Demostenes Torres (GO), o ex-senador Marco Maciel (PE) e o deputado Ronaldo Caiado (GO).
'Em 2008, o senador Agripino veio à minha casa pedir R$ 150 mil para a campanha da sua candidata à prefeitura de Natal, Micarla de Sousa (PV). Eu ajudei, e até a Micarla veio aqui me agradecer depois de eleita. O senador Demóstenes me procurou certa vez, pedindo que eu contratasse no governo uma empresa de cobrança de contas atrasadas. O deputado Ronaldo Caiado, outro que foi implacável comigo, levou-me um empresário do setor de transportes, que queria conseguir linhas em Brasília', disse Arruda, de acordo com o site.
Arruda menciona também a ajuda ao DEM no Rio. 'O próprio Rodrigo Maia, claro. Consegui recursos para a candidata à prefeita dele e do Cesar Maia no Rio, em 2008. Também obtive doações para a candidatura de ACM Neto à prefeitura de Salvador.'
Na entrevista, Arruda cita uma suposta reunião que teria ocorrido na casa de Marco Maciel, na presença do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e do ex-ministro da Fazenda Gustavo Krause. O objetivo era discutir ajuda à reeleição de Maciel. 'Krause explicou que, para fazer a pré-campanha de Marco Maciel, era preciso R$ 150 mil por mês. Eu e Kassab, portanto, nos comprometemos a conseguir, cada um, R$ 75 mil por mês. Alguém duvida da honestidade do Marco Maciel? Claro que não. Mas ele precisa se eleger', disse Arruda. Maciel não se elegeu.
O ex-governador afirmou que também favoreceu o PSDB, parceiro do DEM na eleição de 2010, quando o tucano José Serra formou chapa com o ex-deputado Índio da Costa (DEM-RJ). 'No caso do PSDB, a ajuda também foi nacional. Ajudei o PSDB sempre que o senador Sérgio Guerra, presidente do partido, me pediu. E também por meio de Eduardo Jorge, com quem tenho boas relações. Fazia de coração, com a melhor das intenções', afirmou.
Até o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) foi lembrado. 'O senador Cristovam Buarque, do PDT, que eu conheço há décadas, um dos homens mais honestos do Brasil, saiu de sua campanha presidencial, em 2006, com dívidas enormes. Ele pediu e eu ajudei', disse o ex-governador.
Arruda, que foi cassado e passou dois meses na prisão, dispara contra os citados: 'Assim que veio a público o meu caso, as mesmas pessoas que me bajulavam e recebiam a minha ajuda foram à imprensa dar declarações me enxovalhando. Não quiseram nem me ouvir. Pessoas que se beneficiaram largamente do meu mandato. Grande parte dos que receberam ajuda minha comportaram-se como vestais paridas. Foram desleais comigo'.

Defesa.
O presidente nacional do DEM negou ao Estado ter pedido ao ex-governador ajuda financeira para a campanha de Micarla Souza (PV), em 2008. 'Refuto completamente essas declarações. Repilo isso', disse Agripino. 'Ele (Arruda) não tem o direito de colocar inverdades.'
Já o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres, reagiu com virulência. 'É um bandido, um delinquente, um vagabundo', afirmou. O senador afirmou que vai processar Arruda. 'Nunca tive um encontro reservado com esse vagabundo. Ele vai ter que provar o que disse. É um jogo de porco que ele (Arruda) quer para levar todo mundo para o chiqueiro', disse Demóstenes.
O presidente nacional do PSDB também negou qualquer ajuda. 'Eu estive com Arruda algumas vezes, sempre tivemos relações cordiais, mas nunca recebi qualquer forma de ajuda financeira dele para campanhas do PSDB', disse Guerra.
Pela assessoria, o deputado Rodrigo Maia disse que a entrevista é uma 'matéria requentada' e que todas as doações ao partido 'foram feitas dentro da lei e estão a disposição do Tribunal Superior Eleitoral'.
Cristovam Buarque negou também o recebimento de qualquer ajuda de Arruda. O Estado não localizou ontem o ex-senador Marco Maciel.
Fonte: Estadão